Crônica

É amor.

oiHoje eu acordei com vontade de escrever sobre o amor. Hoje, desde a hora que acordei, não consigo pensar em mais nada que não seja o amor. Hoje, eu preciso falar sobre o amor.
Essa noite eu sonhei com o meu namorado. Enquanto acordava cheia de preguiça, ia aproveitando pra me lembrar das cenas que eu sabia que dali a pouco não existiriam mais tão nitidamente na minha memória. Fui acordando e me lembrando.
Ao passo em que ia me arrumando, me peguei sorrindo uma vez ou outra pensando no quanto eu tenho sido uma chata apaixonada desde que tudo isso começou.
O quanto não me canso de repetir todas as bobeiras melosas que eu tanto digo. O quanto que no fundo sou uma louca carinhosa que mistura beijos com mordidas e o quanto eu adoro ser assim.
Despertando do sonho e acordando pra realidade, o deleite do meu momentinho de amor foi passando e o que me assolou foi uma emoção de pesar, um tanto quanto tristeza.
Quando percebi, meus pensamentos de pura satisfação por estar tão feliz com alguém que eu amo deram lugar ao descontentamento de lembrar quantas vezes eu deixei de compartilhar a minha alegria de estar finalmente desfrutando do amor mais uma vez, pelo puro receio de retratar ingenuidade.
Eu me dei conta que por diversas vezes eu guardei a sensação de felicidade que esse amor me proporciona, só pra mim. Não que isso seja ruim. Longe disso, inclusive. Se há algo em que eu acredito é que aquilo que ninguém sabe, ninguém estraga. Mas não é isso.
Eu já deixei muitas vezes de demonstrar a minha animação de estar amando e de estar sendo amada para demonstrar apenas um contentamento controlado. Uma felicidade limitada. Um amor dosado.
Por mais que meu coração esteja nas nuvens de tanta euforia por estar sentindo de novo o gostinho do amor pulsando nas veias e regando todas as partes do meu corpo, eu sinto que mostrar isso ao mundo soaria como uma bobeira ingênua de alguém que se esqueceu de como é amar e que não está lembrando que um dia tudo isso vai deixar de ser um mar de rosas.
Quando me perguntam como está o meu coraçãozinho, como anda o namorico e como as coisas estão indo, basta uma fração de segundos para que essa mistura de sentimentos que me aconteceu hoje de manhã também aconteça dentro de mim no espaço de tempo que tenho apenas para pensar em responder.
A minha vontade é de sorrir com todos os dentes, suspirar o mais alto possível e começar a contar o quanto tem sido maravilhoso sentir na pele o sabor gostoso da reciprocidade. A minha vontade é de mostrar todas as fotos que tiramos juntos e rir enquanto conto que metade delas estão tremidas porque nós não paramos de rir um só minuto.
A minha vontade é de pegar a mão de quem me pergunta tudo isso e encostá-la no meu peito para que ela mesma sinta como o meu coração fica quando eu começo a falar dele. A minha vontade é de colocar um pouquinho desse sentimento num potinho e dar para quem me pergunta como eu estou, para que ela tome esse sentimento e sinta por dentro tudo o que eu estou sentindo, e entenda no coração dela tudo o que eu sinto no meu mas não consigo explicar.
Mas na realidade, eu só respondo com um sorriso bonito que graças a Deus está tudo bem. Nossa, está ótimo. E quando o sorriso aumenta e eu tomo fôlego e coragem pra começar a falar, o receio me invade e eu prefiro deixar o momento passar.
Eu sinto que, se eu dissesse metade das coisas que eu gostaria de dizer, quem me ouvisse ia esperar que eu terminasse para então suspirar, colocar a cabeça de lado e dizer: Mas você sabe que não vai ser sempre assim, né?
Eu sinto que pessoas mais velhas, ou apenas pessoas que já passaram por outras inúmeras experiências amorosas, sentem a necessidade de derrubar um balde de água fria no coração quentinho daqueles que estão amando.
Sim, eu sei que as coisas não vão ser sempre assim. Sim, eu sei que é normal ver a vida cor-de-rosa no começo de toda relação. Sim, eu sei que os problemas virão. Sim, eu sei que um dia alguma briga pode acontecer. Sim, eu sei que vocês me olharão e por mais que não digam, pensarão: eu bem que avisei. Sim, eu sei.
Mas, não seria o amor uma virtude dos ingênuos mesmo? Não seria o amor um sentimento tão cheio e repleto de coisas boas que só se encaixa naqueles que sabem recebê-lo? Não quereria o amor apenas existir naqueles que saberiam como amá-lo?
Eu só queria não parecer ingênua. Eu só queria que estar apaixonada não fosse sinônimo de estar abobada. Eu só queria que as pessoas pudessem ficar felizes pelo amor que existe naqueles que se amam ao invés de preferir alertá-los sobre como esse amor um dia pode passar.
O amor passa. A paixão passa. A vida passa! Qual o problema de apenas viver e deixar nosso corpo sentir as dores e as delícias que se passam dentro de nós?  Qual o problema de acreditar que é possível personificar o ditado que diz que seja eterno enquanto dure? Qual o problema de apenas amar?
É possível estar apaixonada com o coração nas nuvens, mas o pés se manterem no chão. É possível equilibrar a imensa vontade de encher de mimos aqueles que amamos mas ao mesmo tempo juntar as moedinhas para as contas do mês, e os planos pro futuro. É possível amar com o cérebro e pensar com o coração.
Eu só espero que um dia nós consigamos aprender a sentir e tentar entender que o que se passa dentro de nós é sempre uma incrível mistura entre a razão e a emoção, e que a gente saiba compreender que no fim tudo é amor. 

Um comentário em “É amor.”

  1. É amor. Eu tenho certeza que é amor! E tenho certeza que é pleno, seja anunciado ou não. Tenho certeza também que esse amor guarda um sorriso e alegria enormes, por ter encontrado corações tão aconchegantes, férteis e cuidadosos com ele.
    (Alerta clichê) O futuro à vida pertence, mas o presente pertence a nós. Esse amor é o seu presente e você é o presente dele. Curta o máximo puder, alimente-o máximo que lhe for possível, cultive-o com o mesmo afinco que um jardineiro cultiva suas flores.
    Independente do que lhes aconteça amanhã, ele terá sido um sentimento feliz e realizado, que transformou a todos que cruzaram seu caminho e trouxe, para essas pessoas, um pouquinho mais de fé no amor.
    Sabe como é, né? São “coisas que só o coração pode entender”. Fundamental é mesmo o amor, mesmo que já tenham descoberto maneiras de ser feliz sozinho.

    Curtido por 1 pessoa

Deixe um comentário